Gastronomia
Site oficial da lampantana: www.lampantana.pt
"A cozinha de cada canto do mundo é uma linguagem para contar histórias, mas também, e sobretudo, uma arte de sedução..."
LAMPANTANA DE MORTÁGUA
A LAMPANTANA confecionada com carne de ovelha, assada em forno de lenha, na caçoila de barro e que vai à mesa, acompanhada de batata “fardada” e grelos e o pão cozido em forno a lenha, é uma das especialidades gastronómicas do Concelho de Mortágua desde tempos imemoriais. Dos inúmeros rebanhos de gado lanígero que outrora pastavam pelas abundantes encostas de urze do concelho de Mortágua terá surgido o ingrediente fundamental à qualidade deste prato forte e suculento que em dias de festa era, e continua a ser, rei à mesa, por Terras de Mortágua. Embora desconhecendo com rigor científico a origem desta iguaria, guardamos das anteriores gerações uma história que a procura explicar e que relaciona o seu aparecimento com a III Invasão Francesa, mais concretamente com a Batalha do Bussaco (1810) ocorrida, maioritariamente, em terras de Mortágua. Conta-se que, aquando da passagem das tropas napoleónicas pela região, as populações teriam, estrategicamente, envenenado as águas. Como era preciso cozinhar a carne, terá sido utilizado, como recurso, o vinho. Da aliança entre estes dois ingredientes de qualidade terá resultado este prato de excelência, forte e suculento, cujo segredo na confeção e no tempero foi sabiamente guardado e perpetuado até nós.
BORREGO DE MORTÁGUA
O Borrego é, outro, dos pratos típicos da gastronomia do concelho de Mortágua. Os campos agrícolas e as encostas de urze do concelho “criavam” os rebanhos de ovelhas, fonte de rendimento de muitas famílias, que viviam essencialmente da agricultura e pastorícia.
Sobretudo nos momentos festivos, e, essencialmente, pela Páscoa, o Borrego, sempre teve forte presença na mesa de uma família mortaguense.
O Borrego no forno com batatas e grelos é o mais comum, mas poderá encontrar e degustar em alguns restaurantes, a caldeirada de borrego, borrego grelhado, costeleta de borrego, ensopado de borrego, entre outras iguarias…
PAPAS E SARDINHA ASSADA
Desde tempos imemoriais, o Homem serve-se dos cereais como alimentação, a farinha de milho sempre esteve presente na cozinha dos portugueses e essencialmente na mesa das famílias mais pobres. Nos dias frios de Inverno, as papas laberças regadas com azeite caseiro e acompanhadas de sardinhas assadas eram a garantia de mais uma refeição a baixo custo para uma família.
As Papas com Sardinha Assada, ementa que acompanha a história das famílias é neste momento o encontro de famílias e amigos nas festas populares do concelho.
BOLO DE CORNOS
O BOLO DE CORNOS, também conhecido por BOLO DE 24 HORAS ou BOLO DOCE DA PÁSCOA é o doce mais característico do concelho de Mortágua, integrando-se a sua confeção nas tradições ancestrais de Celebração da Páscoa por estas Terras. A originalidade dos seus nomes advém da sua apresentação em formato de corno e do facto de, em tempos idos, os bolos serem confecionados com fermento tradicional e demorarem cerca de 24 horas na sua confeção. Trata-se de um bolo amassado em alguidar de barro vidrado, por mãos sábias, que aos poucos vão “acunhando” os ingredientes, transformando-os, com a energia e força dos seus punhos, numa massa doce e espessa que ao fazer foles estará pronta, devendo ser aconchegada no alguidar com um pouco de azeite e colocada a levedar, coberta por um lençol branco e um cobertor, em local quente, durante cerca de 12 horas. Segue-se depois um conjunto de rituais, repletos de segredos, guardados de geração em geração, e em que se incluem “dar abas” à massa, cortar e colocar no tendal, dobrar os bolos e dar-lhe a forma de "corno" já sobre a folha de couve "porqueira" em que irão na pá ao forno de lenha, identificar a temperatura ideal do forno através da tonalidade obtida num papel que é colocado no seu interior, acertar no tempo de cozedura dos bolos e, por último, retirar a “fornada de bolos” e dar-lhes o acabamento final, untando-os com azeite ou manteiga ainda enquanto estão quentes, por forma a que fiquem brilhantes e apelativos à vista e ao paladar, assegurando assim a presença na mesa aquando da visita Pascal para o ritual de “ BEIJAR O SENHOR”.
PASTEL JUIZ DE FORA
Este Pastel surgiu, no seguimento de um concurso, realizado em maio de 2015, que tinha como finalidade a criação de um doce associado à imagem de Mortágua e a sua promoção como produto turístico-cultural do concelho.
O doce tem a designação de “Juiz de Fora”, numa homenagem à famosa Lenda que desde tempos imemoriais está associada à história e ao património cultural do concelho, confecionado à base de produtos naturais e endógenos.
MEL
A apicultura desenvolveu-se no apogeu da civilização grega, e o mel servia essencialmente para a alimentação das crianças. Na época romana o mel começou a ser introduzido na confeção da doçaria, e só na idade média o consumo de mel foi generalizado.
Reconhecido pelos seus benefícios para a saúde e bem-estar o mel é um dos produtos endógenos, que encontra na doçaria, mas também, num dos mais antigos “petiscos” do concelho.
Outrora, antes de uma refeição ou numa das adegas das casas das aldeias, para “enganar o estômago”, como diziam os “anfitriões”, encontrava sempre uma taça de mel com uma cebola crua cortada aos quartos (os quartos da cebola serviam de colher para comer o mel), para comer…
Na doçaria, o mel é usado para colocar por cima das filhós ou velhoses quentes, em vez do tradicional açúcar com canela….
VINHOS DO DÃO
A Sociedade Agrícola Boas Quintas nasceu, no ano de 1991, na reconhecida região do Dão. Nuno Cancela de Abreu, representante da 4.ª geração de uma família com tradição agrícola e vitícola superior a 130 anos, tomou a decisão de dedicar toda a sua experiência e todo o seu conhecimento em viticultura e enologia, ao serviço de um projeto próprio que lhe permitisse criar vinhos de alta qualidade, carácter e personalidade.
Os néctares aqui produzidos são cada vez mais reconhecidos e têm conquistado vários prémios nacionais e internacionais. Entre a intensidade dos tintos e a frescura dos brancos, terá muito para conhecer e, que, certamente, não irão passar “despercebidos” ao seu paladar…
Destacam-se as marcas “Quinta da Fonte do Ouro” e "Quinta da Giesta”, entre outros néctares.
E como estamos sempre a tempo de saborear as coisas boas da vida, a especialidade de Mortágua, a tradicional “Lampantana”, cuja confeção esconde “segredos” que a tornam num prato único de sabor e textura, a broa de milho e o pão de trigo cozidos em forno de lenha, e os vinhos do Dão, são o complemento perfeito para uma viagem pelos os sabores mortaguenses.
Mas, como uma refeição não fica concluída sem um doce, não pode deixar de provar o Bolo de Cornos, o Pastel Juiz de Fora, as filhós (com mel ou com canela e açúcar), as velhoses, os coscoréis, o leite creme e o arroz doce que vão certamente “aguçar” o seu o paladar sobre esta cozinha que tem tanto de doce como de história…