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José Assis e Santos
Médico, Escritor, Historiador, Investigador
(1903 1979)
Filho de Joaquim dos Santos e Glória Andrade Assis, nasceu em Vale de Remígio no dia 14 de Março de 1903 e faleceu em 9 de Dezembro de 1979.
Começou a sua vida escolar aos oito anos, na altura aluno de seu pai, Prof. Joaquim dos Santos, que leccionava na escola de Vale de Remígio. Seguiu o ensino do liceu no Colégio da Mealhada, onde veio a dar aulas, para fazer face às despesas da faculdade.
Formou-se em Medicina com alta classificação, tendo sido convidado, por várias vezes, a dar aulas na faculdade, o que recusou sempre, preferindo dedicar-se inteiramente aos seus doentes e aos mais necessitados.
Começou por exercer clínica em Sazes. Radicou-se depois como médico municipal de Espinho, em 1936. Passados 10 anos foi chamado para exercer funções de Sub-Delegado de Saúde em Mortágua. Fez também e com frequência vacinações, rastreio da tuberculose e tinha a seu cargo todos os doentes da lepra.
Nunca deixou de atender qualquer caso, mesmo às horas mais tardias, andava por diversos lugares do concelho. Chegava a andar a pé 600 a 800 Km por mês calcorreando montes e vales, fizesse chuva ou calor e percorrendo as mais remotas e isoladas aldeias. E, muitas das vezes, era ele próprio que levava alguns mantimentos ou medicamentos aos seus doentes, pagos do seu bolso!. Sempre praticou a sua profissão pensando nas pessoas que necessitavam dele.
Para além de médico, foi também escritor e historiador, tendo publicado várias obras. Algumas delas sobre o passado histórico de Mortágua, como “O Pelourinho de Mortágua” e “Mortálacum”. Naquela primeira obra, publicada em Outubro de 1940, faz a descrição e interpretação dos vários elementos que constituem o pelourinho e brasão municipal, fazendo ainda referência à organização político-administrativa ao tempo da construção do pelourinho e aos vários donatários que tiveram o domínio do concelho, desde a sua fundação, em 1192, até 1883, data em que caducou a última doação senhorial. No prefácio desta obra diz “O nosso pelourinho é o único monumento nacional existente no concelho. Foi construído com esmerada arte no séc. XVI. Hoje muito desfeado pelas injúrias implacáveis dos séculos, era nessa época distante um dos mais formosos do país. Não foi contudo a sua antiga beleza arquitectónica que me seduziu.
A sugestiva lição de história local que se encontra cifrada nos emblemas da cúpula, é que me pareceu bem digna de não ficar incompreendida para sempre.
Oxalá que o curriculum vitae do nosso município setecentenário, inspirado pelo estudo desses emblemas lapidares, afervore em todos nós o amor pela nossa terra primeiro degrau e primeira escola de civismo”. Na segunda obra, publicada em 1950, dedica-se ao estudo da pré-história local, desde quando Mortágua era uma imensa “terra de lagoas” até ao período da ocupação romana do território. Debruça-se também sobre as primitivas denominações dos lugares do concelho e a sua evolução. Escreveu sobre temas gerais da História de Portugal, tendo publicado em 1960 a obra “As Primeiras Viagens Oceânicas”. Neste livro fala-nos das primeiras navegações marítimas dos portugueses no século XV e dos seus efeitos na ciência, no comércio e no conhecimento do Mundo. Contém breves referências ao concelho de Mortágua. Nele nos conta, por exemplo: que o Infante D.Henrique, o Navegador, atravessou várias vezes o concelho, de extremo a extremo; passou diversas vezes, na Vila de Mortágua, que conhecia e cujos moradores o conheciam; hospedou-se e pernoitou em Vale de Açores na casa que depois veio a ser dos Duques de Cadaval. As suas investigações científicas foram um precioso contributo para o conhecimento do passado de Mortágua, sem as quais pouco saberíamos.
Dedicou-se à leitura e ao conhecimento de línguas estrangeiras, falava inglês, francês, alemão, latim, russo e nos últimos anos à língua grega. Teve outras paixões, o desenho e a História da Arte. Tinha gosto pela fotografia mas com máquinas totalmente alteradas por ele.
Grande parte das noites que passou sem dormir, eram dedicadas à construção do microscópio que foi feito, no seu total, artesanalmente, e contava, na altura, com a segunda melhor lente do país. Este microscópio fez com que fosse ele o primeiro médico em Mortágua a fazer análises clínicas. Depois veio o telescópio. Estava ao par não só de tudo o que se passava à sua volta mas também do mundo.
Era um homem com uma enorme grandeza de alma, que cultivou como valores da sua personalidade a Bondade, Humildade, Honestidade e Caridade. Por tudo o que fez, a única recompensa que esperou foi o “o bem dos outros”.
O seu nome e a sua memória estão perpetuados na principal avenida da Vila e num monumento com a sua efígie, situado no Jardim Municipal, onde se pode ler a seguinte inscrição “Dr.José Assis e Santos, Médico e Amigo”. Na localidade de Espinho, onde foi médico principal, possui, dedicado a si, um pequeno monumento.