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Manuel Ferreira Martins e Abreu
Professor, Administrador do Concelho, Escritor e Político
(1861-1944)
Nasceu na localidade de Pinheiro, freguesia da Marmeleira, a 15 de Dezembro de 1861. Fez a instrução primária na Marmeleira com o professor Francisco Nunes Cordeiro. Com 11 anos vai para o Porto como aprendiz de uma drogaria. Passou por várias casas do Porto até aos 15 anos e aí adquiriu o vício da leitura.
Em 1881 tirou em Coimbra o curso de Magistério Primário. Apesar de ter sido o 1º classificado, não foi nomeado professor oficial por causa das suas convicções republicanas.
Emigrou para o Brasil em 1884. Neste país foi guardalivros, administrador de fazendas de café, proprietário de um armazém de materiais de construção e feroz opositor da escravatura dos negros.
Além disso, exerceu, recorrendo a um livro manuscrito por si, o professorado em 1885, na localidade de São Carlos do Pinhal, Estado de São Paulo.
Em 1888 regressou a Portugal. O seu regresso deveu- se à sua actuação na campanha abolicionista, pois só no Estado de São Paulo havia um milhão de escravos registados como propriedade, que se vendiam, trocavam e até se matavam. A sua estadia em Portugal fê-lo envolver na política local chegando a ser Vereador Municipal, mesmo sem estar inscrito em qualquer partido monárquico. Como homem revoltado contra as injustiças e a favor dos pobres e desprotegidos, era um revolucionário e panfletário inconformado com a mentira, hipocrisia e prepotência do meio social e político em que vivia, combatendo por uma sociedade mais justa e mais perfeita. As suas ideias e intervenções na vida pública local faziam dele uma figura polémica e incómoda ao status quo, ao ponto de ter feito anular uma eleição local e obrigar a uma nova votação.
Participou na revolta do 31 de Janeiro de 1891 na cidade do Porto, na primeira tentativa de implantação da República, tendo sido ferido e preso. Não havendo provas da sua culpabilidade, foi libertado quando ia a caminho do Conselho de Guerra, a bordo da corveta “ Sagres” estacionada no Douro.
Regressou mais tarde ao Brasil, onde se envolveu na política da governação da vila onde vivia, porque segundo dizia, “o seu ideal não permitia tolerar roubos, vigarices e injustiças“. E o resultado dessa luta foi regressar a Portugal no início do séc. XX, depois de ter sido alvejado a tiro, Deixou publicadas as seguintes obras:
- Coisas de Mortágua” (1890)
- Provas das Coisas de Mortágua” (1891)
- Política de Campanário e Justiça d'Aldeia” (1893)
- Ajuste de Contas” (1894)
- Pela Civilização do Brasil” (1903)
- O meu voto nas próximas eleições” (1906)
- A República da Beira Alta” (1913)
- Justiça na Beira Alta” (1914)
- Istória Contemporânea de Mortágua” (1921)
Além destas obras literárias, Martins e Abreu deixou ainda um grande volume de manuscritos que nos contam acontecimentos inéditos e as peripécias da sua vida como Lavrador, Professor, Administrador de Fazendas, Escritor, Jornalista, Autarca e Político.
Faleceu em 7 de fevereiro de 1944, aos 82 anos.