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Pala
FREGUESIA DE PALA:
Área: 48,9 km2
Total de população residente em 2021: 859 Habitantes
Localidades que constituem a freguesia:
Pala, Carvalhal, Eirigo, Laceiras, Linhar de Pala, Macieira,
Monte de Lobos, Moitinhal, Ortigosa, Palinha, Paredes,
Palheiros de Cima, Palheiros de Baixo, Sardoal, Sernadas,
Tarrastal e Vila Pouca.
Orago: São Gens
Locais de visita:
Igreja Matriz (o culto ao padroeiro na história da freguesia é muito significativo, S. Gens representa-se como agricultor, padroeiro dos agricultores e é evocado contra a seca).
Santuário da Nossa Srª de Chão de Calvos.
Barragem de Macieira.
Quedas de água das Paredes – PR1MRT Percurso Pedestre das Quedas de Água das Paredes.
Serra de Linhar de Pala (Menir – “A pedra da Moira”).
Parque de lazer da carreira de tiro do Moitinhal.
Confeção artesanal de cestaria – Macieira.
Pala, sede de freguesia, situada a norte do concelho e delimitada pelas freguesias de Espinho, Sobral e União de Freguesias, pertenceu em tempos a um nobre cristão, ao conde Ovieco Garcia, que no séc. X doou parte das suas terras ao Mosteiro de Lorvão. Como este convento viria a ser extinto por D. Afonso Henriques, as terras de Pala acabaram por fazer parte da Coroa da Portuguesa. Em 1132, S. Teotónio fundou o Mosteiro de Santa Cruz, e o rei doou as terras da freguesia ao domínio administrativo dos cónegos regrantes de Santa Cruz. Os moradores eram apenas arrendatários vitalícios, que poderiam ser expulsos das suas casas e campos se não pagassem pontualmente as suas rendas ao convento de Santa Cruz de Coimbra.
Pala, pequena localidade, conhecida também como freguesia de S. Gens, foi em tempos lugar de uma das principais vias de comunicação que ligava o nosso concelho a Aveiro e Porto, conhecida também por estrada de Aveiro ou estrada de Almocreves. Via esta que, em 1810, foi alvo de grandes movimentos estratégicos efetuados pelas tropas napoleónicas, aquando da 3ª invasão francesa.
Pala sofreu os efeitos da fúria devastadora das tropas de Massena, conta a tradição que as tropas francesas na tentativa de encontrar ouro e prata, assaltaram a Igreja, mas valeu a astúcia do pároco, antes de fugir com os seus paroquianos, ter escondido no forro da igreja a cruz de prata, ainda hoje usada no domingo de Páscoa, deixando os franceses sem muito para saquear. Outro episódio é relatado de geração em geração, nesta freguesia, sobre a passagem das tropas francesas, conta a lenda que ao passarem por Macieira, localidade próxima da igreja, roubaram um boi e o prepararam para comer dentro de um lagar de azeite ali existente. Os soldados ocupados com a sua tarefa, não repararam na aproximação de um popular, apelidado de Sant’Ana, que com um ato astuto os fechou dentro do lagar e aproveitando as armas abandonadas no exterior, pelos soldados, os matou por uma janela.
Segundo registos do livro da 6ª Companhia, dois homens que pertenceram a esta freguesia, juraram bandeira em 1809 e possivelmente participaram na Batalha do Buçaco, foram eles António José Semedo e José Marques João, ambos naturais de Monte de Lobos. Também nesta localidade é importante referir outro acontecimento histórico. Aquando do racionamento alimentar da 2ª Guerra Mundial, surgiram os protestos contra a distribuição pouco equitativa dos produtos alimentares. Em 1943, cerca de 20 populares revoltaram-se e bloquearam a passagem de carros de bois carregados de milho que se dirigiam de Santa Cristina para o celeiro da Vila. Um popular conhecido por “Moina” terá mesmo sido detido pela G.N. Republicana.
SANTUÁRIO DA NOSSA SRª. DE CHÃO DE CALVOS
Lugar de culto e romaria o santuário é composto por três capelas: a da Nossa Srª. do Chão de Calvos, a do Sr. dos Aflitos e a do Sr. da Agonia.
No recinto do Santuário existe uma fonte de chafurdo em granito. Da fonte, diz-se que tem uma mina até ao altar da Srª. do Chão de Calvos, local onde se situa a nascente. A Capela de Nossa Srª. do Chão de Calvos possui, no seu interior, uma pia oferecida pelos mordomos no ano de 1764.
O aparecimento deste Santuário está associado à lenda da “Nossa Senhora do Chão de Calvos”:
Lenda da Nossa Senhora do Chão de Calvos:
“Num vale, pelos fins do Século XV, inícios do seguinte, encontrou um indivíduo calvo, da freguesia do Sobral, concelho de Mortágua, escondida na toca de um castanheiro, uma imagem da Virgem.
A notícia chegou aos moradores dessa freguesia, bem como aos de Pala. Os de Sobral achavam que a imagem lhes pertencia, por isso a levaram para a sua igreja. No entanto, a Senhora desaparecia desta igreja e voltava a ser encontrada no buraco do castanheiro.
Apesar de ser levada, de novo, para o Sobral, e a igreja da paróquia estar guardada, a imagem fugia sempre. Acabaram por ser os habitantes de Pala a erigir uma Capela no sítio do seu aparecimento.”
(Fonte: Adices, Agueira – Dão e Caramulo Literatura Oral da Nossa Região, Lendas, Volume 1, Maio de 1995).
Laceiras é a aldeia da freguesia que viu nascer a 10 de março de 1877, o escritor e político republicano, Tomás da Fonseca. Grande opositor ao regime ditatorial, participou em 1903 numa campanha para implantação da República. Em 1910 foi chefe de gabinete do primeiro Presidente do Ministério Republicano, Dr. Teófilo Braga. Foi deputado à Assembleia da República e em 1916 foi eleito senador pelo distrito de Viseu. Preso em 1918 por se opor à Ditadura de Sidónio Pais. Em 1941 participa na fundação do Circulo de Leitura em Mortágua. Em 1945 participa na campanha do Movimento da Unidade Democrática (MUD). Em 1947 é preso pela PIDE por protestar contra a existência do Campo de Concentração no Tarrafal, nas ilhas de Cabo Verde. Escreveu inúmeros romances, muitos tendo como palco a terra que o viu nascer, um bom retrato disso é o romance “Filha do Labão”. Morreu em Lisboa a 12 de fevereiro de 1968. Em 1984, recebeu a título póstumo a Ordem da Liberdade.