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António Branquinho d'Oliveira
Professor, Cientista e Investigador
(1904-1983)
António Branquinho d'Oliveira nasceu em Coimbra, acidentalmente, como muitos mortaguenses nessa época, no ano de 1904. Era filho do Dr. José Lopes de Oliveira e de Felismina Branquinho de Oliveira e por conseguinte, sobrinho do Prof. Tomaz da Fonseca e primo do Dr. Branquinho da Fonseca, três insignes personalidades e figuras destacadas da literatura portuguesa do século passado, naturais de Mortágua, e já evocados em números anteriores da Agenda Municipal. Era casado com a Dra. Maria de Lourdes Infante d'Oliveira, médica e investigadora.
Cientista por opção, destacou-se na investigação da doença da ferrugem alaranjada do café, causada por um fungo, que afectou profundamente todas as regiões produtoras de café, muitos dos quais tinham naquele precioso grão a sua principal fonte de riqueza e exportação. Os seus estudos levaram-no a fundar em 1955 o Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro, sendo o resultado da acção conjunta dos governos de Portugal e dos Estados Unidos. A ferrugem não tinha ainda sido detectada no continente americano e os EUA estavam preocupados com a instabilidade que a epidemia desta doença poderia causar nesses países, dependentes da cultura do café. As razões para que o Centro fosse estabelecido em Portugal (Oeiras) foram: o facto de o trabalho pioneiro sobre a ferrugem do café ter sido iniciado pelo Prof. Branquinho d'Oliveira e também porque esse tipo de pesquisa num país não-produtor de café poderia permitir a introdução de amostras infectadas pelo patogéneo, sem o risco para a agricultura portuguesa. O principal objectivo do Centro foi centralizar, por meio da cooperação internacional, a pesquisa à volta daquela doença e eventualmente outras que afectavam a planta do cafeeiro, visando obter variedades resistentes. Desde a sua fundação até ao presente, o Centro tem estabelecido uma rede de conexão com mais de 40 países produtores de todo o mundo.
As suas investigações sobre a ferrugem do café levaram-no a deslocações a todas as antigas colónias portuguesas, sob a égide do governo português. Também o governo americano o convidou para se deslocar aos Estados Unidos da América, onde lhe foi proposto fixar residência naquele país, com sua mulher. Recusou, argumentando que embora não se identificasse com a política do governo do seu país, no entanto, não trocaria a sua pátria por outra qualquer que fosse. Proferiu palestras nas mais prestigiadas universidades europeias e americanas. O reconhecimento do seu trabalho científico, pioneiro e de enorme importância para a economia de vários países africanos e sul-americanos, foram premiados com a atribuição de galardões internacionais em 1956, 1972 e 1975.
Foi professor catedrático do Instituto Superior de Agronomia e chefe do Departamento de Fitopatologia da Estação Agronómica Nacional.
Além das investigações científicas que lhe valeram muitas homenagens como salvador de uma das mais apreciadas bebidas do mundo, também se dedicou, profundamente, a várias doenças de outros arbustos e plantas associadas a vegetais preciosos. Na sua propriedade na Quinta das Pedras Negras, existia um laboratório de ensaio de plantas para localização de males existentes e viveiros com as mais variadas espécies, onde com a sua esposa, ensaiava diversas teses para a purificação da flora.
Foi um mortaguense mundialmente conhecido, a partir dos anos 50, até pouco depois de 1975, ano em que por motivos de saúde foi obrigado a retirar-se dos meandros da investigação científica e dos estudos continuados sobre as variadas doenças do cafeeiro.
Apesar da sua fama, era um homem de uma discrição, franqueza, humildade e simpatia contagiante no relacionamento com as pessoas, fosse qual fosse a sua condição social. Ninguém passava sem um sorriso ou uma atenção amiga. Curiosamente, a sua aparência física fazia lembrar Albert Einstein, ostentando o mesmo cabelo grisalho e um farto bigode branco. Olhando para a sua fisionomia, sem mais nada sabermos da sua pessoa, dir-se ia de imediato que só podíamos estar perante um cientista, um homem da ciência.
Em sua homenagem, a Sociedade Portuguesa de Fitopatologia estabeleceu em Outubro de 2003 o prémio bienal Branquinho de Oliveira, de âmbito nacional, destinado a distinguir o melhor trabalho final de licenciatura na àrea da Fitopatologia.