-
Início
-
Autarquia
-
Freguesias
-
Extintas em 2013
- Mortágua
Mortágua
Área: 27 Km2
Densidade Populacional (Hab/Km2) em 2001: 103,4
Total da População Residente em 2001: 2797
Total da População Residente em 1991: 2694
N.º total de Famílias Clássicas Residentes 2001: 997
N.º total de Famílias Clássicas Residentes 1991: 866
N.º total de Alojamentos Familiares 2001: 855
N.º total de Alojamentos Familiares 1991: 783
Estrutura Etária da População Residente
População Residente 0-14 anos em 2001: 344 (12,3%)
População Residente 15-24 em 2001: 390 (13,9%)
População Residente 25-64 em 2001: 1478 (52,8%)
População Residente 65 + em 2001: 585 (20,9%)
In Censos 2001
A explicação mais consensual que se encontra para a origem da palavra Mortágua, é a de “Terra das Lagoas“, “Águas Dormentes“ ou “Lameiros”. Todas estas denominações indicam a presença de água estagnada em grande quantidade. A palavra como se escreve actualmente resultou da reforma ortográfica de 1911.
Aquando do 1º foral atribuído em 1192, pela rainha D.ª Dulce, a nossa vila constituiu-se como um verdadeiro município de direito com magistratura privativa, com funcionários locais e delegados do rei, investidos de poder civil e militar. O nosso município foi organizado segundo o modelo do município de Salamanca, o mais seguido nas Beiras, e o juiz da nossa vila foi desde a criação do concelho um juiz de nomeação régia.
Por falar de Juiz, quem não ouviu tantas vezes a famosa pergunta feita pelos de fora aos mortaguenses, “Quem matou o Juiz ?”
Diz a lenda que: “Uma vez veio um juiz de fora que não respeitou os usos da terra. Tantas maldades cometeu que o povo se reuniu, deslocou-se para lá da ponte do rio Criz, esperou e matou-o com forquilhas, farpões e roçadouras. O oficial do rei chegou para descobrir e punir os culpados. Parece que à pergunta sobre quem tinha morto o juiz, o povo dava sempre a mesma resposta: “Foi Mortágua”. O oficial nunca conseguiu descobrir o culpado porque a resposta implicava uma responsabilidade colectiva.”
Antes de 1854, data da construção da principal via de comunicação que ligava a Beira Alta ao Litoral, que passava no centro de Mortágua, o trânsito que chegava ao nosso concelho repartia-se em 3 direcções divergentes. Duas delas passavam dentro da freguesia de Mortágua, como sejam a estrada de Santo António do Cântaro, ligação a Coimbra, e estrada do Luso, ligação ao litoral, rotas fundamentais nas movimentações estratégicas das invasões francesas. Reza a história que o 6º exército francês composto por 23.000 homens acampou a 24 de Setembro no lugar do Barril. De 26 para 27 acampou aí também vindo de Santa Comba, o 8º exército, comandado pelo general Junot.
Diz-se que Napoleão Bonaparte era supersticioso quanto aos nomes começados por M. No que diz respeito à batalha do Buçaco, o nome Mortágua aterrorizava-o pois era o Concelho onde estiveram quase todas as posições francesas, ali vencidas.
Na 2ª metade do Séc. XIX o concelho é marcado pela construção da estrada que ligava Viseu à Mealhada e mais tarde com a construção da linha da Beira Alta que ligava Mortágua ao Litoral Português, a Espanha e ao restante Continente Europeu. Estes são dois dos grandes marcos que marcaram o desenvolvimento de Mortágua. Como ainda hoje sucede, também naquele tempo a vila sofreu alterações, que nos surgem aqui como simples curiosidades:
- o cemitério de Mortágua que se situava num canto do adro da igreja e que a partir de 1898 passou para o fundo do cabeço do Senhor do Mundo;
- o pelourinho também mudou de lugar aquando da construção desta estrada.
No início do século XX era manifestamente baixa a frequência escolar no concelho, a observar pelos números que dizem respeito ás escolas Feminina e Masculina de Mortágua:
- Escola Feminina de Mortágua, Professora D. Conceição Cardoso: óptimos 2 alunas; bons, 2 alunas. Total: 4 alunas.
- Escola Masculina de Mortágua, Professor Acácio Henriques dos Santos: óptimos 2 alunos; bom, 1 aluno; suficiente, 1 aluno. Total: 4 alunos. Face a este quadro, havia um árduo e longo caminho a percorrer.
Segundo uma carta de Albano Morais Lobo (filho) dirigida ao director do jornal Sul da Beira, a Escola Livre de Mortágua é fundada em 9 de Abril de 1919, com o objectivo de com a sua biblioteca, actividades desportivas, etc... libertar a população da taberna, “pelo desejo de iluminá-la daquela luz divina que nos vem da arte e da ânsia do saber”. Na Escola Livre de Mortágua, às terças e sábados ministravam-se lições de geografia e história Portuguesa e às quartas literatura Portuguesa e astronomia.
Em 1920 a E.L. de Mortágua abriu cursos do 1º 2º e 3º anos dos liceus e práticas de francês, contabilidade e escrituração comercial.
A direcção da escola manifestava grande interesse na realização de conferências de indiscutível valor científico.
Os elementos que faziam parte da escola reafirmavam várias vezes a independência da escola de qualquer convicção religiosa ou política, servindo sim, fins cívicos, formando homens livres e conscientes.
Nomes como Dr. Aníbal Dias, Augusto Lobo, Alberto Lobo, Dr. João C. Mamede, entre outros, faziam parte da direcção da Escola Livre de Mortágua.
Por esse motivo era na sede do concelho que se desenvolvia um grande dinamismo cultural.
Surge em 1929, a 1ª tentativa da introdução do cinema em Mortágua, com o interesse de uma empresa particular querer instalar um cinematógrafo em Mortágua. Entre os “empresários” encontramos nomes como Dr. Aníbal Dias, Dr. Manuel Afonso Augusto Lobo e outros. Só após a instalação da luz eléctrica foi possível dotar o concelho de um cinematógrafo. O cinema abre a 1 de Janeiro de 1933. A projecção é feita no Teatro Club, casa que se habituou a sessões esgotadas. O velhinho Teatro Club era o centro da actividade cultural do concelho. Para além do cinema, realizavam-se espectáculos musicais e sobretudo teatrais, de grupos concelhios mas também de companhias profissionais. Durante muitos anos serviu de sala de ensaios da também “velhinha” Filarmónica e para reuniões de assembleias de várias colectividades do concelho. Com o fim do cinema, nos anos 60, veio a passos largos o fim do edifício e a degradação. Até que nos anos 90, a actual Câmara Municipal, com a aprovação unânime dos associados e accionistas da associação do Teatro Club, avançou com o projecto de construção de um novo edifício naquele local para apoio ás iniciativas culturais do concelho. Seria inaugurado em Dezembro de 1999.
A freguesia de Mortágua ocupa uma área de 27Km2 e segundo a tipologia de áreas urbanas é classificada como área medianamente urbana.
Actualmente com cerca de 2797 habitantes, esta freguesia ganhou um total de 103 habitantes residentes, relativamente aos censos de 1991, o que corresponde a uma taxa de variação positiva de 3,7 %. Esta freguesia apresenta uma densidade populacional (103,4 habitantes por Km2) superior à média do concelho (40,6 habitantes por Km2).
Mesmo a evolução do número de nascimentos na freguesia de Mortágua entre 1991 e 2001 é francamente positiva, verificando-se 250 nascimentos neste período.
Ao longo dos anos tem se verificado também uma capacidade de atracção e fixação da população nesta freguesia.
Mortágua actualmente é uma freguesia constituída por 7 localidades:
- Almacinha;
- Falgaroso do Maio;
- Freixo;
- Coval;
- Vale de Açores;
- Mortágua;
- Barril.
Mortágua é sede de freguesia com o mesmo nome, tem actualmente cerca de 1153 habitantes.
É na sede do concelho que se situam os principais equipamentos e serviços públicos e privados do concelho.
Equipamentos de acção social:
- Santa Casa da Misericórdia;
- Jardim Escola João de Deus e;
- Centro de Animação Infantil.
Equipamentos de saúde:
- Farmácias;
- Centro de Saúde de Mortágua;
- Extensão de laboratórios de análises;
- Centros Médicos de carácter privado.
Equipamentos de Ensino:
- Ensino Pré -Escolar;
- Escolas de 1º, 2º e 3º Ciclos de Ensino Básico;
- Escola Secundária;
- Escola Profissional.
Equipamentos e Associações humanitárias e culturais:
- Bombeiros Voluntários de Mortágua;
- Banda Filarmónica de Mortágua;
- Orfeão Polifónico de Mortágua;
- Coral Juvenil Sílvia Marques;
- Rancho Folclórico e Etnográfico de Vale de Açores;
- Rancho Os Unidos de Mortágua;
- Rancho Folclórico “Os Camponeses do Freixo”;
- Mortágua Futebol Clube;
- Sporting Club de Vale de Açores;
- Velo Clube do Centro;
- Teatro Experimental de Mortágua;
Equipamentos Culturais:
- Centro de Animação Cultural;
- Biblioteca Municipal;
- Espaço Internet.
Equipamentos Desportivos:
- Pavilhão Gimnodesportivo;
- Piscinas Municipais;
- Campo de Ténis.
Para melhor conhecer esta freguesia comecemos com uma análise individual a cada uma das suas localidades.
Dirigimo-nos para a parte sul da freguesia, Almacinha.
Situada na encosta, à beira da Albufeira da Aguieira, esta é uma localidade com cerca de 119 habitantes. O seu nome tem origem árabe. Os momentos de lazer da povoação são passados nas instalações, ainda recentes, da associação recreativa do lugar.Segue-se Falgaroso do Maio. Pequena localidade com poucos habitantes mas visitada no verão por inúmeros amantes de desportos náuticos.
A caminho da sede do concelho encontramos a localidade do Freixo. O seu nome tem origem na árvore com o mesmo nome e a história remonta a 1141. Actualmente com cerca de 252 habitantes, a sua população dinamizou duas colectividades, o rancho “ Os Camponeses do Freixo” que comemoram este ano (2004) o seu 31º aniversário e a Associação de Defesa Civil, Social, Cultural, Desportiva e Recreativa do Freixo.
Povo dinâmico, que tendo consciência do concelho essencialmente florestal onde vive, promove acções de prevenção e combate aos incêndios, durante a época de Verão.Com uma localização privilegiada, no Cabeço do Senhor do Mundo, somos convidados a vislumbrar toda uma vasta e deslumbrante paisagem desde o Caramulo ao Bussaco. Este é um local de culto ao Senhor do Mundo, onde é realizada a festa da Ascensão em Maio (feriado municipal ) e a festa da Nossa Sr.ª do Desterro em Outubro. Esta festa também já foi conhecida com o nome de Festa do Caçador, dado o costume dos caçadores oferecerem as peças que caçavam para leilão revertendo a receita do mesmo para os santos.
Ao fundo deste santuário encontra-se a localidade de Coval. O seu próprio nome indica que está na cova, que fica em baixo. Esta localidade tem actualmente cerca de 125 habitantes que prestam culto aos santos do Cabeço do Senhor do Mundo.
Próximo, está Vale de Açores. Actualmente esta é uma localidade com cerca de 839 habitantes. O seu santo padroeiro é a Nossa Sr.ª da Piedade.
É nesta localidade que se realiza a feira quinzenal, num grande largo, localizado à entrada da povoação. Pelo número de habitantes que tem, muitas são as casas comerciais e serviços prestados. Povo dinâmico e acolhedor, vive com entusiasmo as várias festividades locais, como a festa anual organizada pelo Sporting Club de Vale de Açores; a festa do santo popular, Santo António e; as actividades que o Rancho Folclórico e Etnográfico de Vale de Açores promove, desde o Festival Nacional e Internacional de Folclore às ceias tradicionais e saraus culturais.
Localidade com cerca de 273 habitantes,que surge por último, é a localidade do Barril.
Situada na encosta é uma aldeia em franco desenvolvimento. A dinâmica associativa está a fazer sentir-se, sendo disso exemplo a construção adiantada da sede da União Cultural Barrilense e o envolvimento da população em actividades recreativas e desportivas.
A freguesia de Mortágua servida de todas as infra-estruturas básicas, assume-se hoje como um verdadeiro polo dinamizador e centralizador de todo o concelho.