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Joaquim Augusto de Oliveira
Republicano e Democrata
1897 - 1980
Joaquim Augusto de Oliveira nasceu na localidade do Barril a 21 de Setembro de 1897. Faleceu em 10 de Setembro de 1980.
Era filho de José de Oliveira e Maurícia de Jesus.
Durante a ditadura de Sidónio Pais (1917 1918) foi desterrado para o Sul de Angola. Prestou serviço militar em Moçambique para onde embarcou em 11 de Novembro de 1918. Regressou em 13 de Julho de 1919.
Participou na fundação dos Bombeiros Voluntários, Escola Livre de Mortágua, Carreira de Tiro, Jornal “Correio de Mortágua”, grupos de teatro, incluindo um infantil, no Barril, e ainda de um grupo folclórico.
Era conhecido pelo seu amor à cultura e à instrução. Em 1922, na povoação do Barril, organizou num palco improvisado, uma récita teatral de cujo programa constava o “Auto do Fim do Ano”, de António Correia de Oliveira; a comédia em um acto, “A Espadelada”, e o monólogo “ O Menino Lambedor”. Os actores eram crianças. Participou na peça cómica em 3 actos “O genro do Caetano” numa homenagem aos desportistas que participaram na prova de ciclismo realizada em Agosto de 1925, Mortágua - Viseu - Mortágua. Para além destas representações participou num espectáculo de angariação de fundos para as obras do Hospital, fazendo parte do elenco das peças de teatro “O comissário de Polícia“ e “Um noivo de Encomenda”.
Como elemento fundador da Escola Livre de Mortágua, participou activamente em várias sessões recitando poemas de sua autoria.
Aquando da reorganização da Escola Livre de Mortágua em 1927, passou a ser o responsável pela secção do Escutismo. Para além de um autodidacta, era igualmente um homem de sentimentos altruístas. Em Agosto de 1923 aquando de um incêndio na localidade do Barril, em que foi destruído todo o recheio de uma habitação, abriu uma subscrição pública para ajudar a família vítima do incêndio.
Emigrou para os E.U.A. em 27 de Junho de 1927. Viveu a crise económica que se abateu no final da década de 20, sobre os E.U.A. tornando-se um admirador do Presidente democrata F. Roosevelt. Nos E.U.A. conviveu com opositores à ditadura salazarista: João Camoesas, Padre Alves Correia e o escritor José Rodrigues Miguéis. Era republicano e democrata.
Durante a sua estadia pelos E.U.A. foi membro do grupo de teatro português “Clube Filhos de Portugal”, na vila de Mamarneck, no Estado de Nova Iorque.
Escrevia no Jornal “Diário de Notícias”, de New Bedford. Na cidade de Danbury, Estado de Conneticut, abriu uma escola onde ensinava os filhos dos emigrantes portugueses, nascidos naquele país, a falar e a escrever a língua portuguesa. Exercia a docência nas horas que tinha disponíveis, facultando, gratuitamente, material escolar, apesar das dificuldades económicas que pessoalmente atravessava Quando eclodiu a guerra, todos os estrangeiros foram obrigados a registar-se e declarar se queriam ajudar a América ou preferiam agarrar-se à neutralidade dos seus países de origem, como era o caso de Portugal. Terá dito então “Trabalhar sim, mas para a guerra, para matar gente, não! Se me cá não quiserem assim vou-me embora”. Podendo ter beneficiado do estatuto de cidadão americano, durante o tempo que ali residiu, nunca se naturalizou, preferindo manter a sua ligação à Pátria portuguesa, que nunca esqueceu. Regressou a Portugal em 13 de Novembro de 1961. Entre o seu círculo de amigos mais íntimos contavam-se o Dr. Assis e Santos, Dr. José Lopes de Oliveira e Alberto Lobo, entre outros ilustres conterrâneos.
Joaquim de Oliveira era um homem calmo e afectuoso, e um idealista. Um admirador e defensor da natureza, daí se explicando em parte o seu modo de vida solitário, e um entusiasta da alimentação racional. Tem uma rua com o seu nome na localidade onde nasceu, e onde também deu aulas a crianças.
Obras publicadas:
Do Meu Coração ao Vosso
Fraternidade Universal
Cântico do Exílio
A Felicidade e o Homem