- Início
- Autarquia
- Freguesias
- Extintas em 2013
- Vale de Remígio
Vale de Remígio
Área: 6,7 Km2
Densidade Populacional (Hab/Km2) em 2001: 112,1
Total da População Residente em 2001: 750
Total da População Residente em 1991: 839
N.º total de Famílias Clássicas Residentes 2001: 287
N.º total de Famílias Clássicas Residentes 1991: 270
N.º total de Alojamentos Familiares 2001: 393
N.º total de Alojamentos Familiares 1991: 355
Estrutura Etária da População Residente
População Residente 0-14 anos em 2001: 70 (9,3%)
População Residente 15-24 em 2001: 94 (12,5%)
População Residente 25-64 em 2001: 412 (55%)
População Residente 65 + em 2001: 174 (23,2%)
In Censos 2001
A freguesia de Vale de Remígio era chamada de freguesia de S. Mamede, o seu padroeiro.
S. Mamede era o pastor mártir que morreu no ano de 275, em Cesareia da Capadócia. Conta a tradição que este santo fez um altar no deserto para pregar aos animais. Depois de preso, foi lançado às feras que não ousaram tocar-lhe, tendo também escapado milagrosamente de dentro de um forno para onde o lançaram. Acabou por morrer, no entanto, estripado por um tridente.
Segundo a lenda, as terras onde actualmente se situam a Vila de Mortágua e povoados à sua volta permaneceram imersas desde o princípio do mundo até ao tempo dos Mouros.
Os Mouros ao conquistar esta região resolveram drenar a água do lago, tendo aberto uma brecha nas rochas, ao fundo de Vale de Açores.
A baía de Mortágua passava pelos locais onde hoje estão edificadas entre outras, as povoações de Gândara, Póvoa, Povoinha e Vale de Remígio.
O repouso prolongado das águas do imenso lago e a sedimentação daí resultante, durante a Época Terciária, favoreceu o nascimento das grandes jazidas argilosas, abundantes nesta zona do concelho.
São muitos os vestígios deixados pelos romanos na freguesia de Vale de Remígio.
Segundo a lenda, nesta zona existiu um local habitado denominado “Lama“, povoação modesta. Por volta do ano 100, terá havido uma revolta dos habitantes da Lusitânia, contra o imperador Trajano. As revoltas foram grandes e houve muita destruição. Dado neste local terem sido encontrados muitos materiais soterrados que se julga pertencerem a esta época, como mós de moinho manual e outros fragmentos, pode ter existido aqui uma aldeia, a qual teria participado na revolta da Beira contra os romanos e que foi totalmente destruída.
Em 1886 quando se procedia a trabalhos de abertura da passagem da via férrea da Beira Alta, a cerca de 500 m a nascente de Vale de Remígio, próximo do cemitério, foi encontrado pelos operários, um bloco de pedra granítica contendo um “letreiro“, que ninguém decifrou. O Visconde de Vale de Remígio , Dr. José Inácio de Gouveia, constatou que se tratava de uma inscrição em latim e guardou-a.
Vale de RemígioAnos depois, um erudito Coimbrão, Dr. Simões de Castro, identificou-o como uma lápide romana, e levou-a para o museu monográfico de Coimbra.
Esta inscrição contém particularidades caligráficas que permitem situá-la na primeira metade do séc. I A.C.
O texto da inscrição é o seguinte “Severo Tangénio oferece aos pátrios Lares” Trata-se de uma lápide votiva à divindade Lares, que era uma divindade doméstica; Pátrios porque eram herdadas dos pais e eram guardadas no átrio da casa. Cada família tinha os seus deuses protectores e conservava-os através das gerações.
Também existem vestígios de vias romanas, a carreira da Gândara e Vale de Remígio, que marcam a passagem de uma via romana para Anadia.
No séc. X Ovieco Garcia doou Vale de Remígio ao convento do Lorvão. Este convento foi extinto pelo conde D. Henrique no princípio do séc. XII e os seus domínios anexados ao condado portucalense. Em 1132, S. Teotónio fundou o Mosteiro de Santa Cruz, ao qual é possível que o primeiro rei lhe doasse esta freguesia que se conservou até ao séc. XIX sob o domínio administrativo dos cónegos de Santa Cruz.
Ainda hoje existe na sede de freguesia o Celeiro dos Frades, uma construção maciça onde eram recolhidas as rendas anuais que os foreiros pagavam ao convento.
A freguesia de Vale de Remígio situa-se na extensa Várzea de Mortágua.
Zona de terrenos férteis, aqui existiu em tempos uma grande quinta denominada de Quinta Agrícola da Gândara. Produtora de grandes vinhos, tinha uma área extensa que se estendia desde a entrada da localidade até terras que pertenciam à freguesia do Sobral. Em tempos áureos, era o local de trabalho de muitos habitantes das freguesias próximas.
Situada a oeste da sede do concelho, a freguesia de Vale de Remígio, é a mais pequena do Concelho e segundo a tipologia de áreas urbanas é classificada como área medianamente urbana. Com um total de 750 indivíduos residentes, esta é a freguesia do concelho que apresenta maior densidade populacional 112,19 hab./Km2. Esta freguesia segue a tendência geral do concelho, no que concerne ao envelhecimento populacional.
De facto a população com mais de 65 anos representa 23% do total da população e a dos 0 aos 14 apenas 9,3%.
Entre os anos de 1991 e 2002 nasceram nesta freguesia 47 crianças.
Constituída por 4 localidades, tem na agricultura a sua actividade principal.
Gândara, situada junto à EN. 334-1, conta actualmente com cerca de 315 habitantes. Tem a sua festa anual em honra do santo padroeiro São João, a 24 de Julho.
Um dos fontanários da aldeia tem o nome deste santo padroeiro, cuja nascente brota todo o ano, mesmo nos verões mais rigorosos.
À Gândara esteve desde sempre associado um recurso natural aqui existente em abundância e que originou o surgimento de uma indústria ligada à sua extracção: o barro. Outro factor que contribuiu para o desenvolvimento desta indústria foi o caminho de ferro, que facilitava o escoamento dos produtos.
Os barreiros, como são designados estes locais de extracção e as altas chaminés das cerâmicas, marcam aliás ainda hoje a paisagem da povoação. As antigas cerâmicas, centradas na produção do tijolo e telha, não conseguiram resistir à modernização e concorrência no sector e actualmente encontra-se a laborar na freguesia apenas uma delas, a do Vale da Gândara, criada em 1957. Esta sofreu há poucos anos um profundo processo de reconversão e modernização tecnológica. A partir de 1994 especializou-se no fabrico de Tijolo Face à Vista e Paver Cerâmico, tornando-se a maior unidade no género a nível nacional.
Esse depósito finamente pulverulento, de cor vermelha, deu também origem à produção de um artesanato tradicional, com características singulares, conhecido por artesanato do “barro vermelho da Gândara”.
A nível associativo destaca-se a Associação Popular Gandarense. Neste espaço constituído por uma sede, os seus habitantes desenvolvem diversas actividades culturais, desportivas e de formação. Entre elas destacam-se as comemorações do 1º de Maio, cuja tradição é única no concelho.
Póvoa, conta actualmente com cerca de 120 habitantes. O seu topónimo vem do latim “popula“ e terá sido povoada depois do séc. X.
A população reúne-se em franco convívio na sede do Centro Social Cultural e Recreativo da Póvoa. Tem a sua festa anual em Julho em honra de S. Domingos.
O Caminho de Ferro, que passa ao cimo da povoação, divide-a da vizinha Povoinha, existindo um pontão sobre a Linha da Beira Alta a ligar as duas aldeias.
Povoinha, com cerca de 136 habitantes, é uma aldeia soalheira situada num pequeno planalto donde se oferece uma agradável vista para a Serra do Caramulo. Esta localidade é devota de Santa Luzia.
Vale de Remígio, é sede freguesia com o mesmo nome e a terra natal de uma das figuras ilustres de Mortágua, Dr. José Assis e Santos, médico, escritor, historiador, cientista e investigador.
Esta aldeia albergou o Visconde Dr. José Inácio Homem de Gouveia, deputado da Nação, casado com D. Maria Emilia da Natividade Nogueira. Os Viscondes de Vale de Remígio, eram pessoas de grande prestígio nos meios nacional, social e político a quem se devem muitas das obras realizadas na freguesia. Destacam-se a edificação da antiga escola feminina na sede de freguesia, a doação do terreno e construção do primeiro cemitério paroquial; a fundação da “Sociedade Filantrópica Recreativa“.
Manifesto desta magnificência está a casa solarenga e quinta anexa, propriedade dos herdeiros dos viscondes, em estado de degradação, mas que retracta um esplendor da sua construção antiga.
A igreja matriz de Vale de Remígio, uma das mais bonitas do concelho, dedicada a S. Mamede, foi construída em 1774. O jardim que a envolve foi um primitivo cemitério.
Actualmente conta com cerca de 111 habitantes.
Destacam-se da Freguesia de Vale de Remígio:
- a fértil várzea agrícola que atravessa a freguesia e que se encontra abrangida pelo Projecto de Aproveitamento Hidroagrícola das Várzeas das Ribeiras da Fraga e de Mortágua;
- o barro, recurso natural abundante;
- a indústria cerâmica que durante décadas foi e continua a ser um factor de desenvolvimento;
- a melhoria da qualidade de vida da população residente na freguesia, ao nível das infra-estruturas básicas (rede viária, abastecimento de água e saneamento);
- o funcionamento de um serviço de apoio à família facultado às crianças que frequentam o ensino pré-primário e 1º ciclo, na sede da freguesia. Este apoio reside no serviço de refeição e prolongamento de horário com actividades de tempos livres.
Localidades da Freguesia de Vale de Remígio:
- Gândara;
- Póvoa;
- Povoinha;
- Vale de Remígio.