Mortágua Florestal 2023
Mortágua Florestal promoveu a fileira florestal, a economia local e a sustentabilidade ambiental
A Mortágua Florestal - Feira da Economia e da Floresta decorreu nos dias 26, 27 e 28 de maio, no Loteamento Municipal da Gândara. Promovida pelo Município de Mortágua, a feira contou com a presença de cerca de 150 expositores em representação dos setores da Indústria, Agricultura, Comércio e Serviços. O setor ligado à floresta e à fileira florestal foi o que teve maior expressão, quer em área quer em quantidade de expositores, traduzindo assim a centralidade que a feira pretendeu dar a este setor que tem um peso considerável no PIB da economia local.
O Presidente da Câmara Municipal, Ricardo Pardal, procedeu ao ato simbólico de abertura da feira, tendo a presença do Vice-Presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, Raúl Almeida, do Diretor Regional da Agricultura e Pescas do Centro, Fernando Alves, das Entidades Municipais (Presidente da Assembleia Municipal, Vereadores), dos Presidentes das Juntas de Freguesia, convidados, e público. A Filarmónica de Mortágua associou-se ao momento.
Já no interior do recinto teve lugar a sessão de abertura. O Presidente da Câmara Municipal, Ricardo Pardal, começou por saudar os empresários presentes na Mortágua Florestal, enaltecendo a sua dinâmica, empreendedorismo e resiliência.
O Presidente da Câmara referiu que são enormes os desafios em relação à fileira florestal e ao cluster económico da floresta, sendo que o primeiro, sublinhou, “é produzir melhor”, a que se juntam questões de ordenamento e da propriedade. A estes acrescentou o desafio da sustentabilidade que passa pela neutralidade carbónica e pela preocupação com as alterações climáticas. Estes objetivos, disse, só serão conseguidos com parcerias, com o envolvimento do conhecimento, dos atores económicos, Universidades, Politécnicos, e acima de tudo, com o envolvimento das pessoas.
Ricardo Pardal referiu-se, por outro lado, à Carta de Perigosidade (suspensa até dezembro de 2024), dizendo que conforme está elaborada representa um problema na questão da desumanização da floresta. “Só não há problemas na floresta quando lá estão as pessoas, porque as pessoas são o garante de que está vigiada. Estão lá, estão a plantar, a cuidar, a limpar, a cortar. Mortágua tem diariamente centenas de pessoas na floresta, há olhos permanentemente na floresta e isso é extremamente importante. Uma floresta humanizada contribui para a prevenção” frisou.
E afirmou que “os Mortaguenses devem ter orgulho no seu território, nas suas gentes, na sua floresta e na sua economia”. O Presidente da Autarquia deixou ainda um apelo: “Abandonemos os extremismos, não odiemos o eucalipto e as espécies de crescimento rápido, procuremos, sim, equilíbrios e soluções, tendo em vista o rendimento da floresta, porque ela só existe se for rentável, com o equilíbrio da biodiversidade e preservação das espécies autóctones”, defendeu.
O Presidente da Câmara referiu, a finalizar, que a Mortágua Florestal terá uma periodicidade bienal, em alternância com a feira de Albergaria-a-Velha.
O Diretor Regional da Agricultura e Pescas do Centro, Fernando Alves, referiu que a procura de produtos florestais vai aumentar nas próximas décadas e que esta é uma oportunidade que a região não pode perder. Revelou dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura), que indicam que a procura de produtos florestais/madeira, até 2050, vai quintuplicar. ”É uma oportunidade imensa que temos pela frente e uma riqueza que o país e a região não podem desperdiçar”. Uma oportunidade, disse, que tem de ser encarada “de uma forma profissional”, porque só assim é possível dar tradução à palavra sustentabilidade. “Para ser sustentável, ela tem que ter rendimento que permita os investimentos necessários para proteger a floresta”, afirmou.
O Vice-Presidente da Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra, Raúl Almeida, felicitou o Presidente da Câmara de Mortágua pelo excelente trabalho que tem feito na área da floresta e referiu-se à Mortágua Florestal como um evento “que contribui para que a região seja mais resiliente, mais eficaz e mais unida”. Lembrou que a região tem uma vasta área florestal e que os projetos intermunicipais tem contribuído para a sua preservação, dando o exemplo da instalação do sistema de videovigilância nos municípios da CIM-RC.
Apos a sessão de abertura, o Presidente da Câmara e restantes entidades visitaram os stands e apresentaram cumprimentos aos empresários e artesãos presentes no certame.
A Mortágua Florestal integrou várias iniciativas de informação, debate e partilha de conhecimento sobre a floresta, a sua produtividade, gestão, e sustentabilidade, sendo de destacar o Fórum Florestal, o qual registou uma elevada adesão de participantes. No Fórum foi destacado o projeto-piloto desenvolvido em Mortágua no âmbito do Programa de Recuperação de Ardidos que já permitiu recuperar 550 hectares de terrenos florestais, num total de 850 parcelas intervencionadas e 210 proprietários apoiados. O projeto implementado com o apoio técnico e financeiro da Biond, Associação das Bioindústrias de base florestal e com a parceria da Câmara Municipal de Mortágua, desenvolveu-se numa área entre a EN228/Freixo e a Ribeira de Mortágua, abrangendo terrenos que tinham sido afetados pelos incêndios de 2017.
A Mortágua Florestal acolheu também a sessão de encerramento do projeto Forest4Future, dando a conhecer os resultados do trabalho que foi realizado, designadamente em Mortágua, envolvendo um conjunto de entidades parceiras, como Instituições do Ensino Superior (Escola Superior Agrária de Coimbra, Universidade de Aveiro), Centros de Investigação, ADICES e Município de Mortágua, com o objetivo de transferir e aplicar conhecimento para o terreno, valorizando a cadeia florestal, desde a semente até aos produtos finais (madeira e outros produtos associados à floresta).
O Município de Mortágua foi um dos parceiros neste projeto, tendo disponibilizado um campo de ensaio para plantação de espécies autóctones (sobreiros, carvalhos e medronheiros), numa zona do domínio privado do Município, e que representa o seu compromisso com a biodiversidade.
A Mortágua Florestal acolheu ainda uma Sessão de divulgação do projeto “Aldeias Seguras, Pessoas Protegidas”, promovido pelo Contrato Local de Desenvolvimento Social 4G (CLDS) de Mortágua, em parceria com o Município de Mortágua, e com a colaboração das Juntas de Freguesia e Associações Locais. O projeto pretende dotar as aldeias de instrumentos de apoio estabelecendo medidas destinadas a aumentar a segurança de pessoas e bens, sensibilizando para a importância da autoproteção, da organização, e da prevenção de comportamentos de risco, por forma a evitar situações de perigo resultantes de incêndios rurais.
O programa da Mortágua Florestal integrou ainda uma Caminhada Pedagógica e Solidária, organizada em parceria pelo Município e pelo Núcleo Regional do Centro da Liga Portuguesa Contra o Cancro, através do Grupo de Voluntariado Comunitário de Mortágua, e que contou com a participação de cerca de 160 pessoas. A caminhada teve partida e chegada no parque da Mortágua Florestal.
Além do espaço de exposição das Empresas e Instituições, a feira contou com uma área dedicada ao Artesanato e uma área dedicada à Gastronomia, dinamizada pelas Associações Locais. O Município e as Juntas de Freguesia estiveram representadas no Espaço Mortágua,
Terminada a primeira edição da Mortágua Florestal, a Câmara Municipal deixa um agradecimento às Empresas e Instituições participantes, às Associações Locais que dinamizaram a gastronomia, aos Artesões, e a todos os que estiveram envolvidos na organização da feira. Todos contribuíram para que a Mortágua Florestal cumprisse o seu desígnio de ser uma grande mostra do empreendedorismo e dinamismo económico do concelho e da região, bem como um espaço de encontro da comunidade.