Francisco Gouveia deixou mensagem a alunos de que “Nada é impossível”.
Ação de sensibilização. Francisco Gouveia deixou mensagem a alunos de que “Nada é impossível”.
Francisco Gouveia, 48 anos, natural de Mortágua, foi o convidado de uma sessão de sensibilização sobre Inclusão e Resiliência realizada ontem no auditório do Centro de Animação Cultural e dirigida a alunos do 3º Ciclo do Ensino Básico (7º, 8º e 9º anos). Francisco Gouveia contou a história da sua vida antes e depois do grave acidente que sofreu, aos 21 anos de idade, e que lhe criou uma limitação física permanente (amputação da perna direita). Francisco Gouveia falou das dificuldades, dos medos, dos preconceitos, e desafios que teve de enfrentar após o acidente, e como encontrou no desporto adaptado (natação) uma ajuda no seu percurso de superação, para além dos benefícios físicos, psicológicos e sociais que a atividade desportiva lhe tem proporcionado.
Atleta da equipa Feira Viva Natação Adaptada, Francisco Gouveia conta com vários títulos a nível individual e coletivo.
Apesar da sua limitação física, Francisco Gouveia faz questão de demonstrar que isso não significa inatividade, baixar os braços, e que uma pessoa portadora de deficiência pode praticar desporto (pratica natação, anda de bicicleta), e levar uma vida relativamente normal. A mensagem que quis deixar é que “Nada é impossível”, com dedicação, vontade e perseverança, tudo é possível de se alcançar. “É preciso também ter vontade de fazer, de realizar, de tentar. Quando sofri o acidente pensei que nunca mais iria andar de bicicleta e fazer outras coisas que gostava, e no entanto eu consigo fazer essas coisas, sozinho ou com algum apoio se for eventualmente necessário”.
O gosto pela natação vem desde a infância, dos tempos em que nadava no poço do Vau e mais tarde na Albufeira da Aguieira, recordou. Ainda hoje participa no encontro de amigos que tradicionalmente faz a travessia a nado da Albufeira da Aguieira, entre a zona do Valongo e a Ponte de Vale de Paredes. Integra ainda uma equipa que ostenta o nome da Escola de Cães-Guia de Mortágua em provas de triatlo.
A residir em São João da Madeira, Francisco Gouveia mantem uma ligação regular a Mortágua, por laços familiares e de amizade, e faz questão de acompanhar os assuntos locais e de marcar presença nos eventos culturais, desportivos e sociais que ocorrem na sua terra natal.
Francisco Gouveia trabalhou nas Piscinas Municipais de Mortágua. Atualmente desempenha funções no Instituto da Segurança Social. É Licenciado em Geografia pela Universidade de Coimbra, possui Mestrado em Administração Pública - Gestão Pública e Políticas Públicas pela Universidade do Minho e Pós Graduação em Administração e Políticas Públicas pela Universidade Aberta de Portugal.
O Presidente da Câmara Municipal, Ricardo Pardal, presente na sessão, referiu a amizade que o liga a Francisco Gouveia desde os tempos de juventude, e agradeceu a disponibilidade por vir partilhar a sua história de vida, as suas vivências, e a sua experiência de superação com os jovens de Mortágua. “É uma história de resiliência, de querer, de vontade, que nos deve inspirar”. E revelou uma memória desses tempos de juventude: “Mesmo com a sua limitação, era ele que muitas vezes nos dava força e ânimo, quando o normal seria o contrário”.
O Presidente da Autarquia sublinhou ainda a ligação afetiva que Francisco Gouveia mantem com a sua terra natal, apesar de ter saído de Mortágua há alguns anos: “nunca esqueceu as suas raízes, os seus amigos, e continua a manter os laços que o ligam a Mortágua”.
A ação de sensibilização foi promovida pelo Programa Municipal “Da Escola, Agarra a Vida”, numa articulação entre Município de Mortágua, Serviços de Psicologia e Orientação e Equipa Multidisciplinar de Apoio à Educação Inclusiva (EMAEI), do Agrupamento de Escolas de Mortágua.