Escritor Pedro Chagas Freitas foi um dos convidados da Feira do Livro de Mortágua
Promovida pela Rede de Bibliotecas de Mortágua, a Feira do Livro de Mortágua decorreu de 19 a 23 de março no espaço do Mercado Municipal, e sob o mote “A Liberdade das Palavras”, associando-se às comemorações dos 50 anos do 25 de abril. A democratização do acesso à Cultura e à Educação, a liberdade de expressão, criação e manifestação artística, estão entre as conquistas trazidas pela Revolução dos Cravos em 1974, tendo constituído também uma “revolução cultural”. Porque sem cultura não pode haver liberdade e sem liberdade não há cultura.
Além da exposição/venda de livros, a Feira recebeu a presença de escritores que estiveram à conversa com o público. Um desses escritores foi Pedro Chagas Freitas, um dos autores mais lidos no país e com obras traduzidas em mais de dez línguas e em muitas dezenas de países, com vendas superiores a um milhão de cópias em todo o mundo. Entre essas obras está o romance “A Raridade das Coisas Banais”, publicado em 2022, que considera o mais marcante que escreveu até hoje e que é uma lição extraordinária sobre aquilo que devia ser sempre o mais importante componente da nossa existência.
Pedro Chagas Freitas falou do seu percurso profissional (foi jornalista, redator publicitário, guionista, operário fabril, barman, nadador salvador, jogador de futebol, entre outras profissões) e literário, e respondeu a questões e curiosidades colocadas pelo público. E exortou as pessoas a deixarem a sua zona de conforto, a saírem fora da caixa e a serem ousadas, diferentes e criativas. “Todos nós somos prisioneiros da normalidade. Em vários momentos da nossa vida já deixámos de fazer coisas ou não fizemos aquilo que adorávamos fazer, em nome dessa normalidade, do tal juízo alheio. Isso ocorre a partir do momento em que acontece aquilo que eu chamo “adultecer”, em que não nos permitimos fazer o que é permitido a uma criança”. Segundo o autor, é a “adultice” que faz com que haja guerras, sejam as grandes como as que agora vemos, sejam as pequenas, como os conflitos entre vizinhos. “Quando nos levamos muito a sério acontecem as guerras”, disse.
Muitas pessoas trouxeram de casa livros do autor para autografar, o que confirma a sua legião de leitores assíduos.
A abertura oficial da Feira contou com a presença do Executivo Municipal. O primeiro dia ficou ainda marcado pela apresentação do livro “Ler de Folha em Folha” que reúne textos elaborados por alunos do 5º e 6º anos do Ensino Básico, no ano letivo 2022-2023, e nos quais retratam a forma como veem a sua aldeia. Todos os alunos participantes, bem como os alunos do 1º Ciclo do Ensino Básico, receberam um exemplar do livro.
Durante os cinco dias da Feira os visitantes tiveram à sua disposição centenas de obras de vários géneros literários, para diferentes gostos, interesses e faixas etárias. O evento recebeu ao longo da semana visitas programadas dos alunos dos Jardins de Infância e das Escolas do concelho. O evento acolheu ainda uma programação literária e cultural paralela, com a participação de Escritores, Contadores de Histórias e Grupos Locais. O concerto “Música une Gerações”, pela Escola de Música da Filarmónica de Mortágua”, “Contos de Avental e Outros que Tal” com a Escritora e Contadora de histórias Milu Loureiro, a atuação do grupo de Cavaquinhos e Cantares da Academia Saber, e a presença dos escritores José Rodrigues e Pedro Chagas Freitas, fizeram parte do programa de animação cultural.
José Rodrigues, natural de Viseu, foi outro dos escritores que esteve à conversa com o público na Feira do Livro. É autor das obras “Uma Vida entre Marés”, “Dias de Outono”, “O tempo nos teus olhos”, e de Contos como “Fios de Areia e “No canto da sala”, todos do género romance. O autor falou especialmente da sua mais recente obra literária, mais um romance, intitulado “ O Quinto Pescador”, que vai ser lançado no próximo dia 4 de abril.