Largo da Feira de Vale de Açores alvo de projeto-piloto



Largo da Feira de Vale de Açores alvo de projeto inovador na área da permeabilização dos solos urbanos
Uma equipa da Tree Plus, que é uma empresa participada spin off da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro esteve esta terça-feira no Largo da Feira de Vale de Açores a realizar um estudo do terreno no âmbito de um projeto-piloto que visa implementar novas soluções que permitam o desenvolvimento saudável das árvores e impedir os efeitos nocivos da impermeabilização dos solos em espaço urbano.
Este projeto integra a intervenção geral de requalificação que vai ser executada naquele espaço, sendo que a plantação de novas árvores e a criação de áreas de sombra é uma das componentes, além das intervenções ao nível da organização do espaço, arruamentos, passeios, estacionamento e circulação, mobiliário urbano, entre outras.
“Estamos a abrir alguns perfis para percebermos como está o solo em termos da sua fertilidade, da sua composição, da sua textura e da sua estrutura. E já deu para ver que temos aqui um solo morto, compacto, sem matéria orgânica, sem fungos e outros microrganismos, isso é que dá vida ao solo e ao ecossistema”, referiu o Prof. Luís Martins, fundador da Tree Plus e Docente do Departamento de Ciências Florestais e Arquitetura Paisagística da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro.
Outro problema associado à compactação do solo e com impacto na vida das árvores, relaciona-se com a irrigação do solo, como explicou: “Como a água anda só à superfície, vai parar à rede pluvial e aquíferos, levando também detritos e substâncias poluentes, e não se infiltra no solo alimentando as árvores. O solo funciona como um filtro natural, o que aqui não está a acontecer”.
“Se queremos reconverter este espaço com árvores minimamente saudáveis temos de ter solo bem estruturado, pouco compactado, que consiga na mesma suportar cargas físicas, como o estacionamento, mas temos de dar boas condições às árvores, em termos da sua conexão com o solo”, explicou.
Estando prevista a requalificação do Largo da Feira e a sua rearborização, o que se pretende é que estas novas soluções sejam integradas no projeto geral de intervenção naquele local, melhorando o ensombramento e tornando o espaço mais atrativo. “É um projeto inovador que nós queremos que sirva como caso de estudo e de demonstração que é possível em contexto urbano reter água no solo e dar vida ao ecossistema, de forma que tenhamos um solo com vida e árvores saudáveis sem recorrer a sistemas de drenagem. Este terreno vai ter mais árvores, mais áreas de sombra, e então faz todo o sentido que esteja preparado e sem este problema da impermeabilização que hoje aqui vemos”, acrescentou.
Este estudo de campo em Vale de Açores vai fazer parte de uma tese de doutoramento que versa sobre a questão da impermeabilização de solos em espaços urbanos. Segundo nos referiu a doutoranda, este é um problema comum nos espaços urbanos por todo o país. “As grandes inundações que tivemos este ano são fruto precisamente de termos solos urbanos muito impermeabilizados”.
“A técnica que aqui se pretende implementar vai aumentar a permeabilidade da água no solo”, diz. Uma técnica já praticada noutros países, nomeadamente na Suécia, mas que em Portugal é novidade.