 Espetáculo juntou em palco ACERT e Associações Locais
Foi apresentado no passado dia 15, no palco do Centro de Animação Cultural, o espetáculo teatral “Em Viagem”, produzido pela Companhia Trigo Limpo Teatro ACERT, em parceria com as Associações do Concelho. A apresentação juntou no palco atores da companhia ACERT e elementos associativos locais, sendo o resultado final o produto criativo dessa experiência partilhada.
O espetáculo, promovido pelo Município no âmbito do programa cultural “Noites Quentes”, teve lotação esgotada, excedendo as melhores expectativas para um dia normal da semana.
A história contada baseia-se nas obras “A Viagem”, de Sophia de Mello Breyner Andresen, e “História Trágico-Marítima”, de Bernardo G. de Brito, revisitando o imaginário aventureiro das Descobertas. Um casal (que faz talvez lembrar os antigos Descobridores) parte em viagem e depara-se com uma encruzilhada. Numa sucessão de enganos, chegam a diversos sítios, mas continuam a perder-se e não encontram o caminho de regresso.
A história que se conta é feita de malas e memórias, de mastros e bandeiras, de encontros e desencontros. A viagem simboliza a própria vida, é por assim dizer, “uma metáfora da vida”, principalmente do meio da vida. Quando as pessoas querem recuperar aquilo que perderam e sentem que tudo está ainda por viver à sua frente. A mensagem subjacente é que não podemos perder nada na vida, em momento nenhum, seja de alegria, seja de tristeza.
Uma das particularidades deste espetáculo é que a música que acompanha a narrativa é executada ao vivo por elementos da Filarmónica de Mortágua.
Duas oficinas de teatro, de construção cenográfica e interpretação, antecederam a apresentação do espetáculo
“Em Viagem” acaba por ser um projeto de teatro comunitário em que se criam dinâmicas artísticas com os “atores” locais. Para tanto os elementos locais são ativamente envolvidos na construção da peça, partilhando conhecimentos técnicos e artísticos. Nos cinco dias que antecederam a apresentação do espetáculo tiveram lugar duas oficinas com vista à integração dos participantes: uma de movimento e interpretação e outra de construção cenográfica e adereços, constituindo ao mesmo tempo uma experiência de formação em exercício.
No conjunto, entre formação e apresentação do espetáculo, estiveram envolvidos 55 elementos locais, em representação de 18 Associações. Homens e mulheres, jovens e adultos, a maioria sem qualquer experiência de palco, que decidiram embarcar nesta “viagem” ou melhor será dizer “aventura” no mundo do teatro.
Para todos os elementos associativos envolvidos tratou-se de uma experiência muito gratificante e enriquecedora, que lhes deu a possibilidade de participar de forma ativa no processo de criação de um espetáculo, passando de espectadores a atores ou construtores. A dedicação e entrega de todos foi extraordinária, desde a preparação até à apresentação final, demonstrando uma grande vontade de aprender e de ir mais longe na sua autodescoberta. Mas também uma experiência que lhes deu enorme gozo e prazer e que certamente será para repetir.
“É um espetáculo feito sem qualquer veleidade e a prova de que em conjunto é possível fazer coisas, desde que se acredite, haja alguma coordenação, organização e força de vontade. E que nos podemos surpreender uns aos outros no momento de fazer algo”, referiu-nos Pompeu José, encenador do espetáculo.
Pompeu José destaca a entrega, a alegria e o divertimento, sentidos e partilhados ao longo desta experiência coletiva. “Acho que passou para quem estava dentro e para quem estava fora do palco, foi muito agradável. Houve uma partilha e respeito mútuo muito grande. O espetáculo só sai como sai porque estamos todos no mesmo pé, é um desafio para todos, é uma descoberta em conjunto. Isso dá uma grande satisfação e dá também mais verdade ao espetáculo, porque o público olha e revê-se no espetáculo”.
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