 Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual
assinalou data simbólica
A Associação Beira Aguieira de Apoio ao Deficiente Visual (ABAADV) comemorou no passado dia 17, o 10º Aniversário da entrega do primeiro Cão-Guia. A data foi assinalada com um Sarau Musical realizado no Centro de Animação Cultural, com a presença de mais de duas centenas de pessoas. Na mesma cerimónia a Associação distinguiu como Sócios Beneméritos onze Instituições/Empresas que têm apoiado regularmente com contribuições e donativos e fez a entrega de Diplomas de Agradecimento a cerca de seis dezenas de Pessoas, Empresas e Instituições, reconhecendo deste modo a colaboração voluntária que têm dado à Escola de Cães-Guia de Mortágua, sob diversas formas.
A Camila, entregue em 1999 ao Sr. Augusto Hortas, tornou-se o símbolo da Escola. O Presidente da Direcção da ABAADV, João Fonseca, lembrou os parceiros e sócios fundadores que estiveram na origem do projecto, a Escola Beira Aguieira, a Câmara Municipal de Mortágua, a ACAPO e a DREC. Lembrou ainda o conjunto de pessoas, desde a Equipa Técnica aos Órgãos Sociais, Sócios, Empresários, Famílias de Acolhimento e a comunidade em geral, que a titulo individual ou colectivo trabalharam e acreditaram neste desafio, na altura arrojado e inovador, dado que em Portugal não existia uma instituição vocacionada para este fim social.
Referiu ainda o apoio da Segurança Social, Câmara Municipal, Instituto Nacional de Reabilitação, Instituto de Emprego e Formação Profissional, Empresas, Escolas, Sócios, Cegos, Candidatos, Famílias de Acolhimento, num dia de agradecimento e reconhecimento a todos quantos tem apoiado a Associação a prosseguir a sua missão. A todos deixou um simples apelo: “continuem a confiar em nós”.
O Presidente da Direcção enfatizou que a Escola se rege por princípios e valores, trabalhando na base da honestidade, seriedade, competência e solidariedade. Afirmando, “quando qualquer cego candidato começar a desesperar com a espera a que a Escola infelizmente o obriga, deve lembrar-se também que isso significa que a sua vez está garantida e que nada, ninguém ou dinheiro algum, ocupará o seu lugar”.
Nestes dez anos a Escola já entregou 77 cães-guia e tem uma lista de espera de mais de 70 candidatos. Anualmente a Escola forma entre 12 a 14 cães-guia, sendo um dos seus objectivos aumentar a capacidade de resposta e reduzir o tempo de espera. A Escola começou com dois Educadores de Cães-Guia, formados em França, actualmente são três Educadores e um pré-Educador, a quem cabe a formação da dupla cego-cão-guia.
O espectáculo comemorativo contou com a actuação de um grupo de Fados de Coimbra, do grupo de música à cappela Cantar`te, do Coral Juvenil Silvia Marques e a actuação a solo de Ricardo Martins, invisual e natural do Algarve. Todas as interpretações tiveram um ponto em comum: Zeca Afonso, considerado o “cantor da liberdade”. A ideia de liberdade está associada a Zeca Afonso na música, como está para um cego em relação ao seu cão-guia. Daí o lema do espectáculo “Maior Mobilidade, mais Liberdade”, porque um cão-guia significa para um cego uma nova vida, nomeadamente deslocar-se a locais onde antes não podia ir ou tinha receio, sair de casa mais vezes, aventurar-se apesar dos obstáculos e dos constrangimentos que a falta de visão impõe. No espectáculo foi apresentado o Hino da Escola de Cães-Guia, composto e interpretado por Ricardo Martins, com acompanhamento dos jovens do Coral Juvenil Silvia Marques. Tem por título “Quatro patas e um caminho”. “Foi composto durante o estágio que tive aqui em Mortágua para ficar com a Cantal (o seu cão-guia). A minha cumplicidade com ela foi tão grande que rapidamente a nossa relação se transformou em poesia, em música, e quando saí do estágio já tinha o hino pronto”. Ricardo Martins diz que os cães-guia são “anjos de quatro patas”. Sobre a sua Cantal, descreve: “É a minha guia, a minha amiga, a minha confidente, é tudo aquilo que por vezes não encontramos em muitas pessoas que passam pela nossa vida. Por mais que sejam, acabamos por não encontrar a pureza de sentimentos que se encontra num anjo como esta criatura que tenho aqui ao meu lado”.  |  |
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