 No Centro de Animação Cultural, até 7 de Junho
Abriu ao público no passado dia 21, integrada no programa de comemoração do Dia do Município, a 1ª Exposição “Sentir a Terra - Figuras de Mortágua”. A Exposição dá a conhecer os Presidentes de Câmara que administraram o concelho desde a implantação da República, acompanhada de uma breve biografia.
Para além dos autarcas, estão retratadas outras figuras marcantes da história do concelho, nomeadamente figuras que eram populares em todo o concelho ou em toda a sua freguesia. Muitas delas não eram conhecidas pelo seu nome próprio, tinham apelidos, derivados da actividade que exerciam e aspectos peculiares que as identificavam e distinguiam das demais pessoas.
Não podendo aqui referenciar todos os que estão retratados na Exposição (ao todo são 27 figuras), recordamos aqui personagens como João das Ideias, José do Porto, Eduardo Simões, Manelzinho do Registo, Bagueiro, Joaquim Pereira (Ti Joaquim do Cavalo), Ramiro Capitão, Avelino Simões (Cego de Eirigo), António Gomes (Sacristão de Espinho) Maria da Piedade (Piedade Ligeira), Maria Albertina (Albertina Mocha), Maria Palmira (Palmira do Café), entre outros.
Deixamos o convite, visite esta Exposição. Vai surpreender-se com as histórias contadas, que recordam outros tempos, bem diferentes dos actuais!
A Exposição pode ser visitada até ao dia 7 do corrente mês, no seguinte horário:
segunda a sexta das 15h00 às18h00 e ao fim de semana das 15h00 às18h00 e das 20h00 às 23h00.
Uma Figura
João das Ideias - Vila Meã
(1903 –1993)
João Ferreira Mateus, era um artista e inventor nato, o que lhe valeu a alcunha de João das Ideias, pelo conhecimento do saber trabalhar os materiais ferrosos, execução, reparação e afinação das mais variadas máquinas e acessórios que existiam no seu tempo. Homem honesto, amigo do seu amigo e da família, sempre foi considerado e estimado por toda a gente.
Dotado de uma grande sensibilidade, habilidade e conhecimento, dedicava-se a fazer aquilo que era difícil para os outros, destacando-se muito especialmente na reparação de bicicletas e motorizadas, máquinas de costura e relógios das torres das igrejas, execução das mais variadas peças de cutelaria e relojoaria.
Ainda jovem trabalhou nas oficinas do Instituto Pasteur onde logo se salientou pelo seu trabalho e qualidade de execução de ferramentas cirúrgicas de precisão. A título de curiosidade foi admitido com o salário mais baixo, mas passados poucos meses usufruía do salário mais alto da secção onde estava inserido.
O amor pela sua terra e as saudades falaram mais alto, o que o levou a regressar definitivamente às suas origens. Criava as suas próprias ferramentas que necessitava para os variados trabalhos e que não existiam no mercado. Na sua modesta oficina, passaram várias pessoas (aprendizes) que actualmente trabalham em áreas diferentes, mas cujas bases foram adquiridas com os ensinamentos dele. No distrito de Viseu e parte do de Coimbra pouco seriam os caminhos e localidades, percorridos de bicicleta ou motorizada, que ele não conhecesse assim como pessoas. Era na realidade uma das pessoas mais populares desta zona.
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